De erro em erro. De um lado para o outro.

22 de fevereiro de 2012

De mim...para os outros.

Hoje, pela primeira vez, vou falar de mim. Aposto que achavas que tudo o que leste até aqui era fruto de uma (ou várias) má experiência na minha vida. É verdade que as tive, como tu ou o teu vizinho do lado, mas é muito raro escrever sobre isso. Quando escrevo sobre as minhas coisas, escrevo para mim e num papel qualquer. Não dou a conhecer ao Mundo, ou ao Facebook, ou ao Blogspot. Não os conheço, não tenho de partilhar as minhas amarguras com eles. Nem quero.

Escrever faz-me sentir bem. Por isso escrevo sobre coisas que vejo, histórias que ouço. Tento apenas meter-me na pele daqueles que, todos os dias, desta ou daquela maneira, se vêem obrigados a encarar um problema, seja ele qual for. Ah, eu sei, ainda só me viste escrever sobre corações partidos e perdas insubstituíveis. Eu concordo contigo. Mas quantos conheces que não tenham já passado por situações dessas? Quantos conheces que não falem disso sempre que querem ilustrar uma dor, um mau estar, uma fragilidade?

Não posso escrever sobre a fome em África, tu não te irias identificar com isso. Não posso escrever sobre alguém que perdeu os pais num tiroteio durante uma guerra civil, não seria intimo. Irias achar uma história triste, uma pena, mas não haveria nada na tua vida que se pudesse ligar às minhas palavras e, portanto, este blog não faria sentido.

Não precisas de gostar, nem de partilhar. Para mim, basta que consigas identificar-te (ou identificar alguém) naquilo que escrevo. Este não é o blog das minhas (más) experiências, é o blog das (más) experiências de todos aqueles que se identificam com as palavras que lêem e com os sentimentos que, quiçá, revivem.

A todos os que achavam que isto retratava a minha vida neurótica e infeliz, peço desculpa pela desilusão. Não haverão mais palavras sobre mim. Gosto dos outros, e é sobre e para eles que escrevo.

Para ouvir: Adele - Rumour Has It

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