De erro em erro. De um lado para o outro.

25 de maio de 2012

Conto de Fadas.

Era uma vez um conto de fadas. Era uma vez uma princesa, presa num castelo enfeitiçado, à espera do seu príncipe encantado. Todos os dias ela acordava feliz porque um dia ele ia aparecer. E esperava-o tranquilamente à janela, evitando olhar para baixo e combatendo as vertigens. Mas o tempo passou e o príncipe não chegou. Ela ficou triste e...era uma vez uma princesa. Era uma vez um (estúpido) conto de fadas.

Um dia também acreditei em contos de fadas. Mas depois o tempo encarregou-se de me mostrar que isso não passava de uma ideia parva. Nós não somos princesas e, mesmo quando acreditamos nisso, esperar pelo príncipe encantado acabará por nos abrir as portas da solidão. Ah, mas estou enganada. Nem tudo o que se escreve nos contos de fadas é mentira. Existem as bruxas. As feiticeiras más que, na dura realidade que nos acolhe, encarnam naqueles cujas almas transbordam em mau carácter, em inveja e em egoísmo. Pessoas que dizem que não somos capazes, que nunca seremos. Pessoas que te empurram e te pisam. Que te levam as asas e te prendem no medo que te provocam.

Mas de todas as mentiras de que são feitos os contos de fadas, existe uma que se supera a ela própria. Todos os contos de fadas começam e terminam da mesma forma. O "era uma vez" é o pretérito imperfeito de um passado que nunca conheceu o seu fim. O "viveram felizes para sempre" é o indicativo de um futuro que nunca conhecerá a verdade.

Cada um, à sua maneira, escreve o seu conto de fadas. Cada um, à sua maneira, o vive no passado presente que se tornará futuro, por ser e existir no peito aberto e inflamado de quem ainda alimenta em si a esperança de um final feliz. As bruxas (leia-se, as más pessoas) existem e existirão para nos mostrar que somos capazes, mesmo quando o medo atraiçoa a confiança, e a insegurança nos desvia do nosso caminho. Cada um, à sua maneira, constrói um final, às vezes com lágrimas, outras vezes com sorrisos. Mas nunca ninguém vive feliz para sempre. O "para sempre" não passa da expressão pensada e escrita, que depois é lida e esquecida na ilusão da mentira que, de tão repetida, se tornou gente. Se tornou feiticeira má.

Para Ouvir: Coldplay - Us Against The World                   Para Ver: The Art of Getting By (2011)

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