De erro em erro. De um lado para o outro.

26 de junho de 2012

Certeza.

De vez em quando dou por mim a pensar naquela noite. A noite em que ouvi a tua voz pela primeira vez. A noite em que me lançaste o isco. A noite em que o mordi e, mesmo sem nada à minha volta, fiquei presa nas tuas redes. Lembras-te?

Foi numa noite de Outono. A musica estava demasiado alta. Tu dançavas. Eu sorria. À nossa volta: pessoas de todos os tamanhos, feitios e formas. Aproximaste-te. Ouvi as tuas primeiras palavras. "Há algum tempo que ando de olho em ti". Sorri. Ignorei-te. Continuaste. Chato. Encantador.

Acenderam-se as luzes. Saí. Saíste comigo. Caminhaste ao meu lado. Percorremos o que parece ter sido quilómetros. Partilhámos o que parece ter sido uma vida. Não nos entregámos ao silêncio. Entre nós havia a cumplicidade de dois amigos de infância. Torná-mo-nos confidentes. Amigos. Amantes. Os teus lábios tornaram-se meus, sem saberes. Partilhámos momentos, saliva e suor. Fomos um. Fomos dois. Fomos eu e tu.

Sei que sabes que deixas as minhas pernas a tremer. O meu coração a palpitar. Sei que sabes que formas um nó no meu estômago. Sei que sabes que, quando te aproximas, deixo de ouvir o mundo lá fora e passo apenas a ouvir a tua respiração. Sei que sabes que entro em combustão de cada vez que me tocas. Que o chão foge e me sinto a levitar. Sempre soubeste.

E agora, passado tanto tempo desde a última vez, consegues desarmar o exército que criei para me proteger dos efeitos secundários de te ter provado. Mas volta. Tenho saudades tuas. Quero ouvir o que tens para me contar. Quero saber de ti. Quero sentir as pernas a tremer, o coração a palpitar, o nó no estômago. Quero sorrir só por te ver.

Bolas. És como as cerejas. Viciante.

Um dia, quem sabe, tu e eu, numa cabana junto à praia.


Para Ouvir: Miguel - Sure Thing                             Para Ver: The Lucky One (2012)

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