Alguma vez leste aquele livro, o
Principezinho? Ele conta a história de um pequeno príncipe que vive num asteroide acompanhado de dois vulcões e de uma rosa (que o cativou assim que
floresceu). A rosa era bonita, muito bonita, mas também era muito vaidosa. Ele
cuidava dela, matava-lhe a sede sem que ela precisasse murchar, protegia-a do
vento e admirava os seus pequenos espinhos, mas tudo o que o príncipe fazia
era, para a rosa, como um dever. Toda aquela vaidade deixava o príncipe triste.
Por isso, um dia, ele partiu e deixou-a no seu pequeno asteroide Mas cedo
percebeu que a rosa era muito mais do que a vaidade ou o orgulho. Aquela rosa
era a sua rosa, e para ele era única no mundo.
Queria, com isto, dizer-te apenas
que, para mim, és a minha rosa, única em todo o mundo. Gostava de poder voltar,
cuidar de ti, matar-te a sede sem precisares murchar. Gostava de poder ser a
tua redoma, proteger-te do vento e de quem te queira fazer mal. Mas, tal como o
principezinho, fiz uma escolha. Essa escolha, embora sincera na altura, fez-me
perceber o quanto eras (e és) importante para mim. Fez-me sentir a tua falta
como a garganta seca sente falta de água, ou como o estômago vazio sente falta
de comida. Perder-te fez-me querer lutar por ti, como nunca quis lutar por
ninguém. Fez-me, por fim, chegar a uma conclusão que, estupidamente, não
consegui assumir em tempo útil. Fez-me perceber que te amo, que sempre te amei.
Talvez aches tudo isto uma loucura.
Talvez aches que, desta vez, o meu cérebro tenha colapsado de vez. Eu também
achei. Mas tenho a certeza de que estou exatamente onde devia estar. Tenho a
certeza de que estas cartas são exatamente o que devia fazer. E tenho a
certeza de que mesmo que me devolvas pouco mais do que silêncio, o teu coração
estremeceu.
Quero que saibas que tudo o que
agora digo é sincero, e que na minha cabeça não existem quaisquer dúvidas. Mas
infelizmente, e como tudo, um dia a luta termina. Esta será a última carta que
te enviarei. Bem sei que isto é apenas um pedaço de papel, um conjunto de
palavras debitadas e conjugadas por vontade deste pequeno coração (apertado e
acelerado por ti), mas se isto não for suficiente para te fazer voltar, não sei
o que mais será.
“Amar não é olhar um para o outro, é
olhar juntos na mesma direção , dizia uma das frases do tal livro de que te
falei no início. Gostava de poder deixar para trás das costas aqueles tempos em
que olhava apenas para ti. Gostava de poder olhar contigo na mesma direção
Construir um caminho contigo, de olhos e coração alinhados.
Cativaste-me. Deixa-te, também tu,
cativar por mim.
Para Ouvir: Daniela Andrade - Places We Should Be Para Ver: The Notebook (2004)
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