De erro em erro. De um lado para o outro.

8 de janeiro de 2015

Caça Talentos.

Hoje vou escrever-te. Deves estar a questionar-te porquê. Hoje não é um dia especial. Não há nada para celebrar. Nada para relembrar. Mas, se é o que pensas, estás enganado. Hoje celebro a tua persistência.

Já por várias vezes me disseste que tens saudades. Das minhas palavras. Dos meus devaneios. Das minhas prosas de desabafos. Pois aqui estou eu. Diz-me o que queres que te escreva. Uma coisa triste? Uma coisa alegre? Ah, já sei…


Vou contar-te uma história. Lembras-te daquele dia em que me perguntaste qual era a coisa na vida que eu fazia mesmo bem? Demorei algum tempo a responder e agora percebo que a resposta, apesar de boa, podia ter sido melhor.

Perguntar a alguém aquilo em que ele acha que é realmente bom pode ser, por vezes, tricky. Não porque nem todos sabemos aquilo em que somos bons realmente, mas porque a maior parte das vezes o exercício de nos auto elogiarmos é muito difícil. E depois porque nem sempre a pergunta é feita na altura certa. Aquilo em que acho que sou realmente boa hoje não é, provavelmente, aquilo que achava há 15 anos atrás, ou há 10.

Aos 10 anos achava que era mesmo boa a cantar. O tempo e alguns ouvidos corajosos encarregaram-se de me mostrar que estava errada. E tu sabes como isso hoje me deixa triste…a dura realidade de não saber cantar. Aos 15 achava que era mesmo boa a nadar. E sou. É algo que faço bem, mas também é algo que fiz durante tanto tempo que seria um insulto à modalidade se assim não fosse.

Aos 24, quando me perguntaste, disse que era boa a ler pessoas. É verdade…faço-o muito bem. Às vezes dou por mim a pensar quão fácil é ler alguém. A linguagem corporal, as expressões faciais, as pequenas coisas…em que provavelmente poucos reparam.

Hoje, aos 25, sei exatamente aquilo em que sou realmente boa. E, na verdade, sempre fui. Sou realmente boa a contar histórias. E é algo que adoro fazer. Até nas pequenas coisas do dia-a-dia. E talvez este meu talento não seja assim tão diferente da minha resposta aos 10 anos. A escolha de palavras é que talvez não tenha sido a mais correta. Quando eu achava que era mesmo boa a cantar, o que eu gostava mesmo de fazer era entreter as pessoas. Proporcionar-lhes bons momentos. Fazê-las rir, se fosse necessário.

Quando conto histórias é exatamente isso que estou a fazer: a entreter as pessoas. E faço-o bem, não tenho qualquer dúvida.


Todos os regressos são nostálgicos, mas este soube-me particularmente bem. Obrigado pela tua persistência. Esta é uma história que talvez já te devesse ter contado há mais tempo.


Para Ouvir: Bom Feeling - Sara Tavares                       Para Ver: Le fabuleux destind'Amélie Poulain

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