De erro em erro. De um lado para o outro.

25 de novembro de 2013

Frio.

Faz frio lá fora. Cá dentro não está muito melhor. Ou talvez sejam as saudades a gelar-me o corpo. A saudade é o pior dos sentimentos. O que não mata, mas mói. O que te atormenta sempre que tens menos um pedacinho de ti. Esse sentimento tão nosso, que escarna a alma e nos deixa de peito apertado. Ah, saudade!

Enquanto mantivermos viva em nós a recordação daqueles que já partiram ou dos que estão longe, a saudade será uma extensão dos nossos corpos. Mas eu gosto de manter viva a tua recordação. O teu cheiro. A tua voz. O teu sorriso. O teu jeito. As tuas rotinas.

Os chinelos à porta,
A casa impecavelmente arrumada,
O frango assado aos domingos,
O dinheiro, aquele que querias sempre guardar,
A reza que fazias mesmo antes de adormeceres,

Quero dizer-te que tenho saudades das tuas confusões inocentes. Da forma com ralhavas comigo. Do quão zangada parecias ao telefone sempre que me ligavas porque algo não tinha ficado no exacto sítio onde o tinhas colocado. Tenho saudades da tua sopa, e do teu esparguete com carne guisada. Tenho saudades do preto que vestias. Da algibeira que carregavas e colocavas debaixo da almofada todas as noites. Tenho saudades das caminhadas até à casa onde trabalhavas. Tenho saudades da tua força. Da tua incansável e imensurável força.

Obrigada por teres existido e por seres digna de tamanha saudade .

Sem comentários:

Enviar um comentário